quinta-feira, abril 29, 2010

Corpo sofre

Hoje (porque ainda não fui dormir) foi um dia tão estranho que nem sei por onde começar. O mais doloroso foi ter caido de um lanço de escadas e estar cheia de negras. Os saltos altos enrolados nas calças. Foi esta a causa da queda. Apercebi-me que ia cair. Larguei das mãos a agenda e o telemóvel. Devo ter pensado que ia bater com a cabeça, porque, quando me levantei, pensei nisso. Pelo menos tinha conseguido não cair de cabeça por ali abaixo. Depois, tranquilizei toda a gente que acorreu à minha queda. Estava dorida, nos braços e nas pernas, mas não tinha batido com a cabeça. Uma funcionária que ia a passar, quase quase sem eu dar conta, colocou-me um penso junto ao cotovelo. Bem, parece que fui espancada, mas está tudo bem. Isto passa. Não me lembro de ter quedas destas. Depois passei a tarde na urgência, por outro motivo, e na radiologia. Depois encontro um colega tão deprimido, que passei uns minutos a ouvi-lo, e a convencê-lo que está tudo bem. Falou-me do desgaste das aulas. Da ansiedade. Do pânico. Dos anos que nos lembram que já não temos tanta paciência, tanta disponibilidade. E acabou a falar-me do pai. E eu percebi. E, enquanto vinha para casa a pensar nele, pensei também que isto é como nas relações. Estava a ouvi-lo falar das aulas, e soube que não era isso que o preocupava. Se calhar, quando não estamos a viver as coisas, mas apenas a reparar nelas, vemos mais facilmente a verdade. Muitas vezes, é isto que sinto ao ouvir os amigos, e os seus romances. Para o bem e para o mal.

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