domingo, setembro 30, 2007

Sobre ele, Miguel Sousa Tavares escreveu


O golo de Rui Costa à Naval é uma obra de arte de inteligência e simplicidade. É daqueles golos que podem ser repetidos dez, vinte vezes, e nunca cansam de ver. Ao vê-lo revê-lo e voltar a vê-lo, cada vez me convenço mais de uma ideia que há muito tenho: no futebol moderno, só os jogadores inteligentes a jogar podem ser bons jogadores. Aliás, basta observar todo o jogo de Rui Costa: ele pode já não correr como outrora, mas faz a bola correr por ele. Num só passe, é capaz de virar o sentido do jogo de pernas para o ar, de poupar à equipa uma progressão em passes e mais passes laterais ou recuados, de rasgar uma defesa de alto a baixo. O seu futebol é clássico, clarividente, tremendamente simples no seu objectivo final: chegar ao golo. E, agora que a sua carreira se aproxima inexoravelmente do fim, Rui Costa parece ter aprimorado as qualidades que sempre se lhe viram, como se não quisesse despedir-se sem deixar a todos a lembrança de um futebol cristalino.
Já há largos meses tinha feito aqui o seu elogio, escrevendo que, em minha opinião, ele era o melhor jogador, o jogador essencial do Benfica. Ele aceitou o desafio de risco de continuar por mais uma época, porque se sentiu à altura das exigências e, sobretudo, sem dúvida, porque jogar continua a dar-lhe prazer.
No campo e fora dele, Rui Costa mostra todos os atributos que fazem a inveja de muita gente que acha que o dinheiro compra tudo: categoria, estilo, classe.

Miguel Sousa Tavares, excertos de um artigo em “A BOLA” de 2007.09.18

2 comentários:

A.Tapadinhas disse...

Fui consultar o seu perfil e verifiquei que no filme, na música e no livro indicados, os títulos são precedidos pela palavra talvez. A sua única certeza é ser benfiquista? Ainda bem! Um dia destes vou publicar no blog a história do meu benfiquismo. Normalmente estou de acordo com MST. As excepções escuso de dizer quais são , não é?

vieira calado disse...

É um grande jogador. Devia estar ainda nas QUINAS.
Bom dia.