domingo, setembro 09, 2007

Eduardo Prado Coelho e Mariza

Quando Eduardo Prado Coelho morreu li que nunca gostou de Mariza, que se tinha até mostrado, através de um artigo, perplexo com o seu sucesso. Eu, que nunca gostei de Mariza, já aqui o tinha escrito, achei curioso. Por estes dias, Mariza deu uma entrevista, intercalada com pedaços dos seus concertos, a Conceição Lino, na SIC. Ao contrário do que já li sobre ela, pareceu-me (como sempre) muito convencida e teatral.
Falo de alguns excertos desta entrevista, a maior parte das vezes na primeira pessoa:
“Fico muito orgulhosa quando por ex. em países como na Finlândia, as pessoas gostam das músicas que faço”. Nem sei bem que é que ela quis dizer com isso.
“Perguntei à minha mãe se imaginava todo este sucesso. E ela respondeu: Eu sabia que o que eu fiz era muito bem feito”.
“Quando estou por cá, ando muito de carro e incrivelmente não oiço coisas minhas na rádio”…
Entretanto, num excerto de um concerto, o pai dela diz à entrevistadora que sempre disse à filha que se queria ser grande tinha que cantar fado… apesar de ela não querer.
E, mais uma vez, ao ser entrevistada, Mariza fala do seu percurso, das músicas que canta, sem falar de Amália. Será normal?
Será que alguém, quando a vê nos seus concertos, a cantar: Barco Negro, Povo que lavas no rio, e por aí fora, não pensa na Amália? De facto, estes fados são maravilhosos, de uma força incrível. Como todos nós, amantes do fado, sabemos. Não me espanta nada que os fados que ela canta façam todo este sucesso lá fora. Já não fizeram, durante tantos e tantos anos? Lembram-se dos concertos de Amália? A diferença é que agora há uma máquina por trás. E ouvintes que escutam estas músicas maravilhosas pela primeira vez.
Há um ou dois anos, Mariza chegou ao palco para receber um Globo de Ouro e, antes de qualquer coisa, disse: Até que enfim! Pergunto eu: Será que todos temos de gostar de a ouvir?
O único mérito que lhe vejo é o de viajar com a letra e a música portuguesa. Se fosse eu a mostrar ao mundo os nossos fados não escolhia a Mariza, nem a sua voz.

No final desta entrevista, Clara de Sousa retoma a emissão e acaba a dizer que hoje é dia 6 de Setembro, dia que fica marcado pela morte de outra grande voz: Pavarotti. Delicioso.

Sem comentários: