terça-feira, julho 08, 2008

Trabalhar para comer

Júdice diz que os filhos dele e os amigos trabalham imenso, imenso. E que não dependem do estado. Que não contam com o estado. Estes argumentos matam-me. Está bem que também não concordo com muita coisa que envolve a dependência do estado. Não gosto do subsídio ao ócio. Reconheço que muita gente não gosta de trabalhar. Mas também caramba. Vir com o exemplo dos filhos e dos amigos (imagino!). Há uns tempos vi uma reportagem de uma senhora que saía de casa de madrugada, apanhava vários transportes públicos, trabalhava em vários sítios, chegava a casa de noite, e continuava a trabalhar para o marido e filhos. Não há tanta gente assim? E estas pessoas precisam ou não do estado? Trabalhar muito não é argumento, pois não? Claro que os filhos de Júdice actualmente até podem não precisar do estado. Mas já precisaram, ou não? Ou sempre estudaram em colégios privados? No estrangeiro? Ou só recorreram a médicos privados? Também não é impossível. Enquanto ouvia Júdice pareceu-me ouvir que os filhos e amigos se estavam marimbando para o estado. É pena. Não duvido que trabalhem muito. Mas continuo a pensar que ninguém se pode alhear do estado, nem as elites, nem que seja para dizer que o estado gasta mal o dinheiro que tem.

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