Desigualdades à nascença

Perguntar isto é o mesmo que perguntar se todos nascemos iguais. O que se pede aqui é que o estado mude as nossas origens, o nosso meio sócio-cultural à nascença. Esse ranking das escolas, que tanto tem dado que comentar, mostra, tão só, as desigualdades no berço. Não apenas pelo valor da mensalidade, mas principalmente pela selectividade. Felizmente não há uma relação directa entre o facto de ter frequentado um colégio de excelência e o sucesso na universidade. Falo do que conheço, da faculdade de medicina. Sendo assim, não me importo nada que os meninos nascidos em ricos berços continuem a estudar nos ditos colégios. Esses alunos já vêm de meios privilegiados. Estes colégios são apenas uma imagem do meio em que os alunos nasceram e cresceram. Tenho reconhecido óptimos alunos de escolas públicas de todo o país, para meu agrado.
Devíamos estar todos mais preocupados é com o ensino actual da grande maioria das escolas de ensino superior privado. Além do resto, tudo se paga. Não só as propinas. Um exemplo. Há escolas em que há apenas uma época normal de exames. Se os alunos não fizerem a cadeira nesse momento à segunda vez têm que pagar a inscrição no exame. Para além da qualidade do ensino, muitos dos alunos que frequentam o ensino superior privado são os que menos podem pagar. Está tudo do avesso. Quanto aos outros, os privilegiados, mais tarde, muito poucos irão concorrer ao ensino privado. Esta escolha revela as contradições do nosso sistema de educação.