2013

2013 foi um ano diferente. Conheci a Índia e fui ao Iraque. Recebi prémios e projetos. A minha equipa está a ganhar corpo.
O ano novo traz muito trabalho e muitas mudanças, mas a vida tem que valer mais do que isto.
Este será sempre o ano da morte de Mandela.
Este será sempre o ano da morte da minha tia, que morreu connosco, sem os filhos.

Boas férias ou bom trabalho

A natureza humana. A besta humana. Eu não sei qual é a natureza humana. Sei é que somos todos diferentes, mas que nos tocamos de quando em vez. Aqui e aqui. Férias, mas com a família na cabeça. Não somos todos assim tão diferentes, há padrões, como já aqui disse.

Bocadinhos de vida

Hoje esteve sol, muito calor, e eu quase não dei conta. Passei os últimos dias a trabalhar, mas festejei o "aniversário de santo" do meu sobrinho. Duas tias estão doentes. Estão longe, mas as notícias não são boas. Uma doença neurodegenerativa e um cancro. Ainda não estou convencida destes diagnósticos. Há exames por confirmar. Fiquei a pensar que temos saudades de quem gosta de nós, e os meus caracóis passaram a fios longos e bem comportados. No cabeleireiro, entra uma senhora bonita de cabelo ruivo curto e começa a falar com o rapaz que me penteia. Tinha-lhe caído mais um pedaço no banho e perguntava que fazer. Assisto a tudo (e à emoção e bonomia dos rostos das mulheres presentes) e vontade não me faltou de (também) rapar o cabelo. Ainda lhe consegui dizer uma ou outra coisa.

Gente estranha esta.

Lembrar algumas coisas, aqui.
Hoje conversava com um conhecido, que me desconhece obviamente, sobre a crise, e esta maluqueira toda. O insólito foi a conversa chegar a um ponto de me perguntar quem estou eu a sustentar. A miséria é muito de espirito, não é?

Ja pensaram nisto? Eu ja. Por isso, por isso. As vezes mente-se.
Um dos meus amigos perguntava se tenho estado 2 semanas seguidas em Portugal. A vida tem disto.Vou, mas tenho voltado.

E assim se morre, outra vez.

Vou ali e ja volto, espero eu. Ouvi a frase de Jesus e lembrei-me do mesmo. Details.

Alguem conhece alguem?

Ando a ler correspondencia entre Sophia MB e Jorge de Sena. Tenho pensado muito em cartas, e nas cartas, e estas leituras desviam-me a cabeça para coisas lucidas. Gostar de pessoas, mas nao nos embebedemos. 

Vendi o meu bilhete de 45 euros.

Lisboa fica só. Daqui a umas semanas volto à infância com as minhas irmãs, primas, tias e mãe. Uma viagem em jeito de pausa de outras saudades.

A voz de David Bowie anda por aí na televisão.

Ainda bem que há gente como eu que gosta de gente. Uns preferem  livros ou animais, outros gente, mas morta. As pessoas estão cada vez mais assim. E da natureza, também há gente que gosta da natureza. Eu cá é de gente, e viva. Fui ver "Amor". Porventura, morrer por morrer, todos gostaríamos de morrer assim.

Bad girl

Estes dias servem, como deve ser, para estar com a família. Ontem, com a minha irmã, fui buscar o meu sobrinho pequenito e fomos os três passear e lanchar. O puto é uma alegria, e estava todo alegre. Ouvi dizer que temos que dar valor ao tempo. E que 15 minutos podem bastar para matar saudades. É verdade. "Cada um tem tempo para aquilo que quer", diz um livro que comprei há tempos, a propósito de cronobiologia. Talvez a idade nos possa ceder esta sabedoria. À nossa volta deve estar quem nos alegra. Há uns dias, uma das minhas amigas das tertúlias escrevia que nós lhe fazemos bem. Não consegui ir ao último almoço, mas jantámos todos há pouco tempo. Isto para dizer que nem sempre estou com quem quero, mas muitas vezes procurei estar. E vou fazer por estar. A minha irmã dizia-me "O amor é o mais importante". Parece que todos chegam a esta frase. O melhor do filme: a música. Não consigo convencer ninguém a gostar da música que trago comigo, enquanto conduzo. Uma desgraça.

E porque me calo eu?

Zé, tu que estás do outro lado do oceano, (continuas a gostar) gostas disto? São os que se calam que mais me incomodam. Dos amores aos colegas.

Hoje

Há coisas pequeninas pequeninas que mudam os dias. Hoje foi um dia assim. A vida não pára. Estejam cientes disso. Ando a ouvir isto há semanas. Coisas que se entranham.

Até já

Há pessoas que só são vistas por outras. Homens e mulheres, quero dizer. 30 pontos a separar as duas equipas. The Master, Django libertado, Bestas do Sul Selvagem, Argo e a A vida de Pi. Habitualmente nem o vencedor vejo, mas este ano tem acontecido assim. O Tarantino é o maior, mas também gostei dos outros. Todos diferentes, todos com coisas boas. Há dois dias, um engenheiro falou-me de literatura. Andamos todos com a cabeça cheia de coisas. Daqui a pouco vejo o Ronaldo. Literatura, portanto. 

Boas lembranças.

Um presente, em jeito de brincadeira. Quando era muito mais miúda, muitas vezes, ouvi as minhas irmãs a dizer aos rapazes que trabalhavam no circo. Sempre foram umas raparigas modernas, não tivessem elas nascido numa vila especial. A dança também espanta. 

Work in progress

2013

No que depender de mim, como sempre.

2012

O meu pai gostava muito de nós e dos pequenos. E teve saudades deles, quando me perguntou, já nos cuidados intensivos, se os miúdos tinham vindo. Houve momentos, pausas, em que pensei que talvez fosse como ele. Ainda penso. Que talvez as pessoas não saibam o quanto gosto delas. Um dos meus tios, que voltei a ver este ano no dia em que nos despedimos de outro irmão, ligou-nos. Já não o via desde a morte do meu pai, o mais velho de todos, quando só me lembro de o ver de longe a chorar, desvairado. Obrigada, tio. Foi uma boa surpresa. Tinha que ligar, filha. Estes meus tios, de poucas falas, são os que mais me emocionam. E nunca os vejo, e falam tão pouco. Muito.